Não sei quanto tempo estou aqui. Sempre olhei o sol se pôr desde que cheguei e sei que fiquei, algumas vezes, saudoso de sua luz em opacos dias de inverno, quando a névoa do rio apaga o horizonte. Sempre as mesmas caixas de remédios enfeitaram a cômoda e sei que os dias estão ficando mais curtos e a noite longa se aproxima. Também sei que a sombra de meus porta-retratos se estendem pelo chão até tocar-me na cama. Aí, sinto que não vou dormir sozinho, pois terei as minhas recordações a abraçarem-me pelos breves instantes que o sol permitir.