Helena
Minha neta, Helena.
Quisera eu poder ter dado mais atenção a ela. Com seus olhos amendoados e seu cabelo de um loiro escuro e crespo, compartilhava comigo alguns momentos de renascimento. Me via criança, me via mãe, me via em todas as idades. O tempo que dediquei a meu pai me ocultava descobertas com Helena, porém ela em sua sabedoria infantil nada me cobrava. Ao contrário, entrava na casa correndo e ia até o quarto dele para ver o biso, como se fosse um brinquedo do tempo, algo que pudesse surpreendê-la de repente.
Na simplicidade do pensar infantil, ela o via com outros olhos, porém havia uma energia que faíscava quando os olhos, distantes há quatro gerações, se encontravam. Não sei se meu pai conseguia identificá-la como sua bisneta, ela era ainda bebê quando ocorreu o primeiro infarto e ainda não havia completado um ano quando ocorreram os derrames. Mas, de um jeito especial eles se comunicavam, entre olhares, sorrisos e surpresas.
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