sexta-feira, abril 28, 2006

no fundo de seus olhos

Logo após o segundo derrame, no final do segundo ano de meu pai comigo, tive que forrar a cama. A incontinência urinária, no caso dele, não era constante. Era como uma criança que tinha um sonho e quando via, já era tarde. Assim, evitei maiores problemas e sendo casos isolados, não pus fraldões. Não lhe restava muito tempo, eu sabia. Não queria que ele se sentisse desconfortável.
Enquanto lhe trocava a roupa, lembrava de minha primeira lembrança... Lá estava ele, comigo pela mão a olhar o mar, contemplando o ciclo das águas. Concluí de como era incrível que, para as pessoas que amamos e convivemos, não conseguimos distinguir a idade em suas fisionomias. Meu pai sempre havia sido aquele, magro, estatura mediana, cabelos pretos que lhe emolduraram seu rosto branco e sorridente. No final, lhe faltaram cabelos e os que restaram eram brancos feito geada, como quando quebrávamos o gelo em poças d´água a caminho da escola. Talvez até sua altura não fosse a mesma, mas no fundo de seus olhos, sempre lá esteve a me sorrir.

2 no bloco de notas:

Blogger Rô Peixoto registrou a lembrança...

Oi Sílvio!
Infelizmente não tenho muito tempo para ler suas postagens! Mas fico feliz que vá visitar meu humilde blog!

De repente eu seja normal além da conta mesmo, mas acho, que todos tem um lado meio louco, cheio de manias escondidas e acho bom ser dessa maneira!

Obrigado pela leitura prazerosa que me proporciona...seu blog é sempre um prazer!

Beijos!

23:42  
Blogger Edilson Pantoja registrou a lembrança...

lembra-me o meu, ido quando eu tinha apenas sete. Abraços!

00:55  

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