segunda-feira, maio 15, 2006

à porta do fim

Meu pai estava de partida. Já havia me chamado... Ou quase. Pronunciara parte de meu nome, o que me deixou muito feliz. Naquele instante de lucidez foi de mim que ele lembrara...
Diante da porta do adeus, chorando de dor, com o peito arrasado e a garganta apertada por um nó, me questionava... Valera à pena amar tanto? Valera à pena estar ao seu lado sabendo que o perderia? Teria valido a pena todas aquelas conversas, carinhos, passeios, conselhos, repreensões, beijos na testa? Teria valido a pena apegar-se tanto a alguém? Não sofrem aqueles que deixam seus pais distantes e vão perdendo seus laços. Não sofrem quem os coloca numa casa de repouso e só vão lá em finais de semana. Pai, ainda te amo tanto... Tua partida tão recente me dói demais e tenho inveja de Deus que agora te tem. Meu conforto e pensar-te com minha mamãe e assim lhe vejo de novo com vida em seus olhos etéreos, reconstruindo sua colcha de retalhos de amor à beira dos penhascos de sua mente.




4 no bloco de notas:

Blogger Santa registrou a lembrança...

Ah! As memórias... Continuam presentes, tão nítidas, tão presentes, como se tivessem dado a elas uma segunda vida...

17:46  
Blogger Rosalina Simão Nunes registrou a lembrança...

"...reconstruindo suacolcha de retalhos de amor..."

que imagem tão doce.

21:22  
Anonymous Anônimo registrou a lembrança...

I'm impressed with your site, very nice graphics!
»

22:12  
Blogger Saramar registrou a lembrança...

Ah! Silvio, meu querido, hesitei tanto antes de vir aqui e ver o que se anunciava. Sabia que iria chorar.
A inevitabilidade da morte, tantas vezes entrevista neste romance, a dor que conheci recentemente e a beleza das suas palavras se transformaram nas lágrimas que eu já sabia que viriam.

Beijos

11:01  

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