quarta-feira, abril 26, 2006

lágrimas abandonadas


Na tarde em que Helena, minha neta, encontrou meu pai no chão, foi um susto muito grande. Ele estava lá, com seus olhos brilhantes e em súplica a mirar-nos. Seus passos poderiam ter sido os últimos, pois naquele instante ele estava sofrendo o segundo derrame. As esperanças de vê-lo saudável, voltando a conversar conosco, contando tantas coisas, novas ou recontadas, poderiam estar morrendo naquele piso de madeira, onde meu pai agora derramava uma lágrima que descia de seu rosto entre os vincos de sua idade e repousava no chão. Lá esvaiu-se um pouco do brilho de seus olhos. Nada além... . Era a catarse que eu relutava finalmente apoderando-se do tempo. Dava-me conta da finitude que se aproximava irremediavelmente.

1 no bloco de notas:

Blogger Rosalina Simão Nunes registrou a lembrança...

mesmo sendo ficção, a emoção está cá. e a realidade é uma "realidade" muito próxima da minha, por isso vou deixando as minhas "notas" de partilha.

quanto aos outros espaços, já estão à minha espera.

19:58  

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