terça-feira, janeiro 27, 2004

ecos de luz - V


Não vou voltar para a cama. Estou declarando minha revolta contra ela, que como um canto de sereia me busca para nunca mais me deixar sair. Vou ficar aqui nesta poltrona. Tenho luz, tenho meu livro e tenho meus óculos. Basta.
Sem bater, sem pedir licença a mulher entra no quarto. De novo ela. Me sorri. De onde a conheço? Ela fala alto, fecha a janela e finjo não vê-la. Me oferece água, não quero. Me sorri, não ligo. Sai sem despedir-se, a mal educada. Aquela janela fechada de novo me esconde as últimas sombras de mais um dia, que passa lento, muito lento, cheio de dores, vazio de sabores. Insípidas horas, longe no tempo.

3 no bloco de notas:

Blogger Daniel registrou a lembrança...

Silvio,
Que ótima idéia publicar um conto aos pouquinhos. O problema é que agora ficarei sempre ansioso esperando a próxima parte.
Incrível como você consegue que sintamos o que o personagem está sentindo, todas as nuances da saudades como os tons infinitos de um pôr-do-sol.
Está muito bem escrito, parabéns!
Abraços!

00:19  
Blogger Dark Rusa registrou a lembrança...

Nossa guri, vc está fazendo as coisas muito bem, como diz o ditado ....divagar se vai a o longe!....
Paravens!
adorei o blog!
Abrazo

13:51  
Blogger Saramar registrou a lembrança...

Sílvio é uma beleza, mas acompanhada de tristeza, essa prisão da velhice...essa "sereia" implacável.
Está cada vez melhor. Parabéns

12:47  

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