terça-feira, novembro 30, 2004

nada além - I


Hã?
Onde estou?
Que lugar é esse? O que estou fazendo aqui? Que corpo é esse onde estou enclausurado? Cabeça, trabalhe! Procure! Talvez se eu buscar uma última lembrança... nada! O que esperar do futuro se não tenho passado? Afinal, o que é o passado? O presente? O futuro?
Se o passado já se foi e o futuro é o porvir, só existe o presente? Se o segundo que se foi já é passado e o que virá é futuro, existe presente?
Melhor voltar a dormir.

segunda-feira, novembro 29, 2004

nada além - II


De algum lugar vem uma música e me vejo num baile, girando o corpo, tendo em volta de meus braços uma mulher, perfumada e sorridente. Como veio, a lembrança se foi. Um aroma de madressilva invade a janela. Flashes daquela mulher pipocam minha mente. E vem novamente o vazio.
Estou sentindo falta de alguém. Sim, tenho saudades. Ou seria de um lugar? Ou mais precisamente, de um tempo? A falta de recordações em minha mente me faz sentir falta de algo que já fui, ou penso ter sido.

domingo, novembro 28, 2004

nada além - III


Tenho que cobrir minha filha, se não ela vai resfriar-se!
Ai!
Como vim parar no chão?
Tenho que ir até ela...
Ai! De novo!
Tenho que levantar-me...
Dor! Dor! Dor! Minha filha, tenho que ir...

sábado, novembro 27, 2004

nada além - IV


Há quanto tempo estou aqui nesse quarto? A menina vai passar frio, porque está gelado. Preciso urinar. Estou cansado dessa maratona. Será que pratiquei esportes? Se eu tivesse corrido uma maratona quando novo talvez não estivesse mijado no chão nessa idade. Quem é essa criança que está entrando no quarto e me olha deitado nesse chão, feito reticências?

sexta-feira, novembro 26, 2004

nada além - V


Sinto vergonha, mas não me importo. Pensando bem, não me importo com muita coisa. Termino de mijar nas calças, já estou molhado mesmo. A vergonha passou. O frio, não. Tomara que a criança chame alguém.