domingo, maio 29, 2005

tempos de ventania - III


Quis então movimentar meu braço para indicar à Marília o que estava acontecendo e constatei que também meus gestos já não obedeciam a meus desejos.
Como num delírio, um documentário, minha mente acelerou-se e percebi a profusão de imagens que vinham à mente, sem cronologia, sem associações lógicas. Infância, janela, Paris, cachorro, papai, trabalho, livros, praia, escola, Elvira, sapato, neve, igreja, navio, sexo, caramanchão, cebola, pessoas, colibri, óculos, Marília, sol, cama, rio. Como que propositadamente embaralhadas, a abundância de figuras se misturava a sons desconexos, como um velho filme dublado, onde as vozes não correspondem aos movimentos dos lábios. Me apego à única constância nisso tudo, o aroma de madressilva, doce, suave, intenso, enebriando a tudo, feito ventania. Era a presença de Elvira. Sim, sempre quando eu mais precisava.

2 no bloco de notas:

Blogger Moita registrou a lembrança...

Silvio

Eu fico muito ligado em Elvira, aí no fim voce me sacaneia! Acho que não vou ler mais. rssssss
abraços

22:08  
Blogger Saramar registrou a lembrança...

Sílvio, fez-me chorar e voltar ao começo quando imaginei que seria tudo ao contrário e que se resgataria.
Um único consolo para mim e para ele é essa ventania de madressilvas, essa constância mesmo que tudo esteja se acabando inclusive a vida.

Beijos

23:04  

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