segunda-feira, março 28, 2005

retalho de amor - IV


Resta em mim, na sensibilidade de cada poro desse velho corpo, um amor que compartilhei e que me conduz, como um balão de gás, prestes a esvaziar-se.
Neste quarto escuro, nessa madrugada, os clarões da noite revelam molduras suspensas no vazio que talvez me possam trazer o rosto, em imagens resgatadas do passado em fotos impressas em papéis amarelados, com rostos felizes, perdidos no tempo. Se eu chegasse até lá, talvez encontrasse uma gota de lembrança que falta para preencher o imenso oceano que inunda de ausência meus pensamentos, mas justamente hoje meu corpo recusa-se a obedecer meus anseios e fico prostrado nessa cama, sem saber se o que vejo é sonho, ilusão ou devaneio.

3 no bloco de notas:

Blogger Santa registrou a lembrança...

Sílvio querido, quisera saber escrever e falar, como você, sábias aparições...

O quarto escuro é sempre nosso melhor aliado. Construímos imagens que vão do medo ao êxtase. Já que o medo é o que mais me visita construo armadilhas, noturnas, a espantá-lo.

Bjs

11:55  
Blogger Oscar Pita Grandi registrou a lembrança...

Suelen tener el mismo misterio, los ojos negros de una mujer y la noche extendida sobre el océano. Como lo dices tú: ilusión o devaneo. La noche complice lo es más de las mujeres.
Un abrazo.

21:18  
Blogger SV registrou a lembrança...

Amigos leitores do Antes que Anoiteça!
Obrigado pelas visitas na primeira parte do conto.
A partir de amanhã, 28/03/06, o conto passa para uma nova fase, quando os olhos de Marília assumem a condução da narrativa, juntando os retalhos deixados por seu pai.
Novamente, agradeço as visitas constantes e deixo, por enquanto as portas abertas, porque antes que anoiteça, elas se fecharão.

Sílvio

15:01  

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